Por André Garcia
O Brasil formalizou nesta semana uma iniciativa estratégica para consolidar sua posição como protagonista mundial na oferta de bioinsumos. Lançado em Brasília, o Projeto Bioinsumos do Brasil deve ampliar a presença do País no mercado internacional e reforçar o papel de liderança da agricultura sustentável brasileira.
Coordenada pela ApexBrasil em parceria com entidades do setor produtivo, a iniciativa prevê a promoção de produtos brasileiros no exterior por meio de rodadas de negócios, missões comerciais, participação em feiras internacionais e desenvolvimento de marca institucional. A estratégia foca, inicialmente, nos mercados da América Latina, Europa e Estados Unidos.
O lançamento ocorre em um cenário de desafios globais para a agricultura, marcado por mudanças climáticas, pressão por eficiência produtiva e demanda crescente por alimentos produzidos com menor impacto ambiental. O Brasil, maior agricultura tropical do planeta, aposta nos bioinsumos como resposta estratégica a esse contexto.
“O uso de bioinsumos permite reduzir a dependência de insumos tradicionais, com redução de custos e impactos ambientais. É uma alternativa concreta que reforça a sustentabilidade da produção agrícola brasileira”, afirmou o secretário de Descarbonização e Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Rodrigo Rollemberg.
Crescimento constante e projeção internacional
O País já é um dos principais polos produtores dessa tecnologia. Segundo levantamento da CropLife Brasil, a taxa de adoção de bioinsumos na safra 2024/2025 chegou a 26% da área plantada, um avanço de três pontos percentuais em relação ao ciclo anterior. Ao todo, 156 milhões de hectares foram tratados com bioinsumos nesta safra.
“O Brasil é uma das agriculturas mais competitivas do mundo e a maior agricultura tropical. Nesse contexto, temos um imenso potencial de exportar bioinsumos produzidos aqui, com 90% da matéria-prima nacional”, declarou Christian Lohbauer, diretor-presidente da CropLife Brasil.
O setor mantém um ritmo de crescimento médio de 22% ao ano, quatro vezes acima da média global. Hoje, o país abriga mais de 170 empresas produtoras e um portfólio com mais de mil produtos registrados — metade deles regularizados apenas nos últimos três anos.
“O Brasil já é reconhecido pela produção de alimentos. Agora, passa a ser também fornecedor de insumos agrícolas sustentáveis, o que abre novas frentes de negócios e diversifica nossa pauta exportadora”, destacou Luís Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.
Imagem estratégica e diplomacia ambiental
A proposta do projeto é fortalecer a posição do Brasil como referência em soluções baseadas na natureza, com impacto positivo sobre a imagem do setor agro nacional. A expectativa é que, na próxima década, o país seja responsável por um terço da produção mundial de bioinsumos.
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