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Puxada por MS, queda na segunda safra de milho deve ser de 10%

Puxada por MS, queda na segunda safra de milho deve ser de 10%Mato Grosso e Goiás têm destaque positivo em produtividade e área plantada. foto: Abramilho

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Por André Garcia

A segunda safra de milho começa com estimativa de queda de 10,5% em relação à temporada passada, com volume de 96,7% milhões de toneladas e produtividade de 98,8 sc/há, 7% a menos que o registrado no ciclo 2022/23. Os dados são atribuídos à redução de área plantada e condições climáticas irregulares no Mato Grosso do Sul e no Paraná.

Anunciada pela Agroconsult na quarta-feira, 22/5, a projeção aponta que, mesmo diante deste cenário, ainda há bom potencial de produtividade no Mato Grosso e em Goiás, onde expectativa inicial de um calendário ruim não se concretizou e o encurtamento do ciclo da soja abriu uma janela favorável para o plantio do milho.

Isso significa que os números dos dois estados ajudarão a compensar parte da quebra no Mato Grosso do Sul e Paraná. É o que explica André Debastiani, coordenador do Rally da Safra, iniciativa da Agroconsult que vai percorrer os quatro principais produtores do cereal, fazendo o levantamento quantitativo e qualitativo das lavouras.

De acordo com ele, grande parte das áreas produtoras no Mato Grosso foi semeada na janela ideal, com chuvas bem distribuídas durante o desenvolvimento, o que fez com que o Estado registrasse o segundo plantio mais rápido de sua história – o primeiro ocorreu na safra 2022/23.

O mesmo aconteceu em Goiás, que recebeu bons volumes de chuva em abril. Com isso, segundo o levantamento da consultoria, as lavouras desses estados têm potencial produtivo de 80% e 56% respectivamente.

Por outro lado, o Paraná e o Mato Grosso do Sul, apesar de terem implantado as lavouras em calendário muito mais favorável do que na safra anterior, devem registrar perdas decorrentes do clima seco ao longo dos meses de março e abril.

“O cenário do Mato Grosso do Sul, sem dúvida, é o mais preocupante. Toda a região Sul do estado foi afetada pela estiagem que já causou danos irreversíveis”, explica Debastiani.

Área plantada

Dois aspectos influenciam as projeções de área plantada: o cenário econômico e o calendário de plantio. No início do ano, diante dos altos custos de produção e preços em queda, a Agroconsult reduziu a estimativa em cerca de 1 milhão de hectares. Já em maio, a projeção foi ampliada para 16,3 milhões de hectares, redução de 3,8% sobre 2022/23.

“O cenário econômico continua desafiador, porém o calendário de plantio acabou sendo benéfico e impulsionou o plantio”, diz Debastiani.

Ele também chama a atenção para as diferenças regionais. Por exemplo, o Paraná teve uma redução de área na safra 2022/23, mas, em 2023/24, a área cresceu 10,9% diante do bom calendário. Já Mato Grosso, com queda de 5,5% na área, e Goiás, com diminuição de 11,4%, previam redução muito maior de área plantada, o que não aconteceu.

Queda na produtividade

As estimativas pré-Rally apontam para queda de produtividade em todos os estados, com destaques negativos para o Mato Grosso do Sul, com 68 sacas por hectare (97,5 na safra passada), Paraná com 90 sacas/hectare (98 na safra anterior), e São Paulo, com 77 (89 na última temporada).

Os destaques positivos são para o Mato Grosso com projeção de 118 sacas por hectare (120,1 em 2022/2023) e Goiás, com 112 sacas/hectare (119 sacas/ha na safra passada).

A produção total de milho (primeira e segunda safra) é estimada pela Agroconsult em 123,4 milhões de toneladas, em área de 21,1 milhões de hectares.

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