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Dia da Mulher: pantaneira é exemplo de boas práticas na pecuária

Dia da Mulher: pantaneira é exemplo de boas práticas na pecuáriaConservação faz parte da rotina na Baía das Pedras. Foto: Luiz Mendes

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Por André Garcia

Em harmonia plena com a natureza, pantaneiras e pantaneiros obedecem ao ritmo da seca e das cheias que marcam a maior planície alagada do mundo. É este balanço delicado, misto de paciência e flexibilidade, que embala a história da fazenda Baía das Pedras, onde pecuária e turismo coexistem com a conservação do Pantanal.

Também é lá que vive Rita Jurgielewicz, sócia-proprietária e defensora do bioma. Neste Dia Internacional da Mulher, o Gigante 163 conta como ela e sua família vêm produzindo e ajudando a preservar a fauna e flora na região da Nhecolândia, no coração do Pantanal, entre os municípios de Corumbá e Aquidauana, no Mato Grosso do Sul.

Os antepassados de Rita se estabeleceram ali por volta de 1838, depois que seu bisavô saiu de Poconé, em Mato Grosso, e desceu o Rio Paraguai, desbravando o Pantanal. É lá que ela vive com o marido, Carlos (Doio), há mais de 40 anos e onde criou os três filhos que ajudam a administrar a propriedade.

“A Baía das Pedras foi fundada em 1938 pelo meu pai e pela minha mãe, que receberam um pedaço de terra como herança do meu avô paterno, e depois foi dividida entre eu e meus irmãos”, contou à reportagem.

Foto: Reprodução/Instagram

Rita explica que as boas práticas na pecuária começaram a ser adotadas entre 1998 e 1999, época em que ela e Dóio ajudaram a criar a Associação de Pecuária Orgânica e Sustentável do Pantanal (ABPO).

Hoje, eles produzem com protocolo de carne certificada sustentável, que privilegia o modelo tradicional de pecuária de baixo impacto. Para isso, o gado é criado entre os 15 mil hectares da propriedade, dos quais 90% correspondem a pasto nativo, ou seja, em áreas de vegetação com espécies forrageiras naturais da região.

A estratégia contribui para a recuperação do solo e diminui a emissão de gases por meio do sequestro de carbono.

“A propriedade quase não tem pasto plantado. Além disso, temos o controle sobre o nascimento dos bezerros e todo sal mineral utilizado na alimentação do gado vem de uma empresa homeopática”, explica.

Já o hotel fazenda, que funciona na sede, foi criado em 2022, fruto da tradição de família de receber amigos.

“Nossa primeira atividade era a pecuária, depois veio o turismo. Desde essa época dele [o pai], eu era pequena ainda, eu me lembro de vir muita gente de fora, muitos amigos de fora. Sempre foi assim desde a minha infância.”

O metal e o plástico descartados ali são levados para reciclagem, em Campo Grande. Além disso, a propriedade conta com biodigestores no fornecimento de energia. De acordo com Rita, a separação do lixo, assim como as outras práticas, foram assimiladas naturalmente pela equipe, tornando hábito.

Passeio durante a cheia do Pantanal. Foto: Divulgação

Para Rita, a adoção das práticas está relacionada mais aos seus próprios princípios do que à questão econômica em si.

“Isso mostra para o hóspede e mesmo para os clientes que estamos fazendo a coisa certa. Acredito que isso acaba trazendo mais pessoas que também se identificam com essas práticas, então este seria o maior retorno, do ponto de vista financeiro.”

Citação em revista internacional

Boa parte das 3.500 espécies de plantas, 463 de aves, 124 de mamíferos, 177 de répteis, 41 de anfíbios e 325 espécies de peixes de água doce que povoam o Pantanal podem ser observadas na Baía das Pedras. Não à toa, em 2023, a revista TIME citou a Baía das Pedras em publicação com os 50 destinos de viagem extraordinários pelo mundo.

Além disso, a propriedade também serve para execução de projetos de proteção ambiental voltados para a preservação do tatu-canastra e da anta. Por iniciativa própria, eles construíram um laboratório para estudos das antas.

“Isso é bom para nós que trabalhamos com o turismo porque essa interação com a pesquisa nos traz muitas informações.”

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