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Milho sofre com seca e aumento de lagartas

Milho sofre com seca e aumento de lagartasCombinação aumenta risco para produtor. Foto Gilson Abreu/AEN

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Por André Garcia

O plantio fora da janela ideal, causado por atrasos na colheita da soja, traz desafios à segunda safra de milho, que enfrenta problemas relacionados à falta de chuvas no período crítico e ao aumento das infestações de lagartas em diversas regiões de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.  Esses fatores aumentam o risco associado à atividade.

Conforme boletim semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o mês de abril será determinante para o acompanhamento das condições climáticas e da incidência de pragas e doenças, “pois, nesse período, define-se parte do potencial produtivo da cultura.”

Em Mato Grosso, onde aproximadamente 15% da área cultivada foi semeada fora do período recomendado, o uso de tecnologias de sementes de alta produtividade, com alto custo, não tem se mostrado eficaz neste ciclo, prejudicado também pela aquisição tardia de insumos.

“O produtor opta por tecnologias mais caras, mas este ano, elas não atenderam às expectativas. Isso aumentou os custos de produção, o que já era um desafio para os produtores com margens apertadas”, disse à Revista Cultivar o diretor administrativo do IMEA, Diego Bertuol.

Com relação à seca, o programa Aproclima, da Aprosoja Mato Grosso, mostra o impacto sobre municípios como Confresa, Matupá, Guiratinga, Água Boa e Nova Xavantina. Confresa, por exemplo, ficou 27 dias sem chuva, o que prejudicou o desenvolvimento das lavouras no estágio crítico de crescimento do milho.

Redução da área

Em Mato Grosso do Sul, a atual segunda safra de milho ocupa aproximadamente 47% da área destinada à soja no estado, uma redução significativa em comparação aos 75% que já ocupou anteriormente. Segundo a Aprosoja MS, a cultura tem perdido força devido ao alto custo de produção e às condições climáticas adversas.

A área plantada até o momento, conforme estimativa do Projeto SIGA-MS, é de aproximadamente 1,9 milhão de hectares. A porcentagem de plantio está 0,5 pontos porcentuais abaixo da média dos últimos cinco anos.

A Aprosoja MS destaca que a segunda safra de milho corre grande risco de ter seu potencial produtivo reduzido até junho, em Mato Grosso do Sul. Isso porque a previsão para o trimestre de abril a junho de 2025 indica que as chuvas na região devem continuar abaixo da média, especialmente no oeste e sudeste do Estado.

“Além disso, a expectativa é de temperaturas ainda mais elevadas, o que pode potencializar os efeitos da seca e agravar as condições de estiagem”, pondera o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta.

Safrinha em jogo

Recentemente, o pesquisador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro) e da Embrapa, Eduardo Assad, explicou ao Gigante 163 como a crise climática compromete a safrinha, estratégia, que transformou o Brasil em uma potência mundial de grãos ao multiplicar a produção de milho e viabilizar a de soja.

“As projeções estão apontando para 2,6 graus em 2050. O que a gente projeta é que isso venha a reduzir a possibilidade de se fazer o milho safrinha. Esse vai ser o principal impacto. Alguns estudos da Embrapa e estudos que nós fizemos na FGV já indicam que essa redução é de 30 dias na opção de plantio da segunda safra”, apontou.

Diante disso, ele defende o avanço de técnicas que permitam gerar mais carbono no solo, reduzir a evapotranspiração e manter a água no solo. O plantio direto sustentável, o uso de plantas de cobertura para retenção de umidade e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) são só alguns exemplos de como isso pode ser feito.

 

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