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Regeneração natural assistida é via de baixo custo para recuperação florestal, mostra estudo

Regeneração natural assistida é via de baixo custo para recuperação florestal, mostra estudoPoço de Carbono ONF Peugeot, em Cotriguaçu. Foto: Bruno Calixto/WRI

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A Regeneração Natural Assistida (RNA) — uma técnica simples e de baixo custo — é crucial para recuperar florestas nos diferentes biomas brasileiros, ajudar o produtor rural a se adequar ao Código Florestal e mitigar as mudanças climáticas.

Para se ter uma ideia, ao recuperar uma área de 21,6 milhões de hectares com a RNA no Brasil, a redução do custo chega a ser cerca de 77% quando comparada com o plantio de árvores, segundo dados da WRI Brasil.

É o que afirma o novo estudo chamado “O papel da regeneração natural assistida para acelerara restauração de florestas e paisagens”, lançado nesta terça-feira, 29/03, e desenvolvido pelo WRI Brasil em parceria com ICV, Imazon e a empresa Suzano. A pesquisa apresenta uma série de 24 casos de players rurais que utilizaram a estratégia com sucesso, sendo três no Estado de Mato Grosso (presentes em sete municípios) de um total de 15 brasileiros.

“O Instituto PCI (Produzir, Conservar, Incluir) possui uma série de metas até 2030, envolvendo agentes públicos e privados. Uma delas é a de manter 60% da cobertura de vegetação nativa de Mato Grosso, onde temos o indicador de área de vegetação secundária”, diz Ricardo Woldmar, gerente de Projetos do Instituto.

O estudo aponta que a regeneração natural assistida é uma técnica econômica de grande potencial para produtores que precisam recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal para se adequarem ao Código Florestal.

Segundo Woldmar, a meta estabelecida pelo Instituto PCI é de recompor 1 milhão de hectares de APPs degradadas até 2030. “Em 2020, havia 1.852 hectares dessas áreas com TCR (Termo de Compromisso de Restauração da Reserva) firmado.”

No ano seguinte, o PCI estimou uma demanda de investimentos para a implementação dessa meta na ordem de R$ 31 bilhões. Assim, a técnica de RNA é uma oportunidade promissora para a restauração em escala, de baixo custo, com a participação de grandes atores do setor privado.

“Analisamos o uso da terra, causas da degradação, perfil fundiário, fontes de financiamento e atores envolvidos para identificar os fatores-chave para o sucesso da regeneração natural assistida em cada caso particular”, explica Mariana Oliveira, coordenadora de projetos do WRI Brasil e uma das autoras do estudo. “A pesquisa revela que arranjos institucionais robustos e que contam com envolvimento de comunidades são uma condição importante para garantir a permanência da vegetação nativa em áreas regeneradas.”

As intervenções de manejo apresentadas pelo projeto são, em geral, de baixo custo, e têm como objetivo remover barreiras para que a natureza cresça novamente. Alguns exemplos são: controle de queimadas, o manejo do gado para evitar o pisoteio da vegetação que está brotando; a instalação de cercas; o controle de espécies invasoras e, assim como em qualquer jardim ou lavoura, também o controle das formigas e insetos.

“Há na Amazônia 7,2 milhões de hectares de áreas com vegetação em regeneração há mais de cinco anos. Conduzir essa regeneração com intervenções para que a floresta permaneça e se desenvolva pode ser uma grande oportunidade para proteger a biodiversidade e gerar renda a partir do uso econômico de produtos florestais não-madeireiros ou por meio de mercados de carbono”, diz.

As Nações Unidas declararam a Década da Restauração de Ecossistemas até 2030, e o Brasil tem a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas no âmbito do compromisso do Acordo de Paris. O estudo mostra que a RNA é uma técnica eficiente para acelerar e dar escala à restauração, cumprindo os compromissos internacionais, mantendo assim a reputação do país no mercado global e reduzindo as emissões de gases que contribuem com o aquecimento global.

Segundo Woldmar, o PCI irá lançar um portfólio atualizado de 37 projetos — dez deles com o tema de recuperação florestal. “Alguns interessantes que podemos citar é o Escritório Verde, da JBS; as parcerias para a Agropecuária Responsável da Amigos da Terra; o projeto Agricultura Regenerativa e Pecuária Sustentável do Vale do Araguaia; as redes socioprodutivas do ICV e muitos outros”, completa Woldmar.

Fonte: WRI Brasil

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