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Como MT e MS estão preparando para enfentar o fogo no Pantanal

Como MT e MS estão preparando para enfentar o fogo no PantanalEm novembro de 2023 os governos decretaram situação de emergência Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

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Por André Garcia

A falta de chuvas e o aumento considerável no número de queimadas colocam Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em alerta. A hora é de deixar de lado as notícias falsas e encarar o que é fato:  Entre janeiro e maio deste ano, os estados já somam 6118 focos de incêndios, 45% a mais que no mesmo período de 2023, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Como já mostramos, os números anunciam uma tragédia no Pantanal, bioma compartilhado pelos dois estados e o mais ameaçado nesta temporada, com 775 focos de incêndio. Ambos os governos estaduais reconhecem a situação e vem adotando medidas para mitigar os efeitos deste cenário.

O período proibitivo de uso do fogo, por exemplo, foi prorrogado até o dia 31 de dezembro. Ao anunciar o aumento de 109% dos incêndios florestais em comparação ao ano passado, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso reforçou que o  volume de águas está abaixo do que foi registrado em 2020, ano do maior incêndio florestal no Pantanal.

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), foram investidos  R$ 74,5 milhões para o combate de crimes ambientais. O recurso é destinado para a execução do Plano de Ação de Combate ao Desmatamento Ilegal e Incêndios Florestais, o que inclui monitoramento com satélites, responsabilização, fiscalização e prevenção.

A aplicação de R$ 30,9 milhões garantirá ainda a locação de quatro aviões e a contratação e capacitação de 150 brigadistas.

Do lado sul-matogrossense, foram entregues foram investidos R$ 50 milhões para contratar e posicionar brigadistas em áreas mais suscetíveis ao fogo. Kits de motobomba pick-up de 660 litros à Defesa Civil do Estado e à ONG SOS Pantanal. Além disso, o Estado informa que há 37 bombeiros militares atuando exclusivamente nos incêndios.

Desde abril, foram realizadas 470 ações, o que inclui sete queimas controladas e dois combates diretos, e mais de 10,2 mil quilômetros percorridos com trabalho preventivo. O Governo também instalou 13 bases do Corpo de Bombeiros pelo Bioma, pensando em dar uma resposta mais rápida ao fogo.

Cooperação

No último mês, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul assinaram um termo de cooperação com o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA) para a proteção e desenvolvimento sustentável do Pantanal. O compromisso inclui a padronização da legislação, além da preparação, resposta e responsabilização a incêndios florestais.

O que esperar?

Há pouco mais de três anos, quando foi registrada a pior seca do bioma em 50 anos, mais de 40 mil km² ou mais de 27% da cobertura vegetal foram afetados pelo fogo. À época, especialistas apontaram que pelos 70 milhões de animais vertebrados e 4 bilhões de invertebrados foram dizimados.

De acordo com o Sistema Geológico do Brasil (SGB), se nos próximos dias chover dentro da média (160 mm), 2024 pode viver uma situação semelhante à de 2020, quando o Rio Paraguai chegou a -32 cm. Se cair menos que isso, a situação pode ser mais grave.

Dados do boletim extraordinário do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai indicam que o nível em Ladário (MS), estação de referência, estava em 1,44 m na semana passada, abaixo da média de 3,66 m. Em Porto Murtinho (MS), a cota é de 2,28m, enquanto o esperado era de 4,75 m.

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