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Produção sustentável de bezerros mantém legado de pecuaristas pantaneiros em MT

Produção sustentável de bezerros mantém legado de pecuaristas pantaneiros em MTIda Miranda Sá é exemplo de boas práticas na agricultura. Foto: Divulgação

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Neste 21 de Setembro, em que se celebra o Dia do Fazendeiro, o Gigante 163 destaca a história de uma mulher, que representa a quarta geração de produtores rurais do Mato Grosso na lida da pecuária pantaneira: Ida Beatriz Machado de Miranda Sá.

Ao assumir a gestão da fazenda Nossa Senhora do Machadinho após a morte do pai, em 2016, a fazendeira resolveu apostar na produção sustentável de bezerros para dar sequência ao legado da família.

Na propriedade, localizada em Cáceres (240 km de Cuiabá), dos 3.200 hectares, cerca de 80% englobam uma área de conservação no Pantanal, onde o rebanho é criado solto.

A história dos Machado na região teve início quando seu bisavô chegou da Alemanha.

“Tudo se iniciou com o meu bisavô, que se casou com minha bisavó, boliviana. Eles ficaram na Bolívia por um tempo e depois ele começou a trabalhar com a pecuária pantaneira em Cáceres. Depois dele, meu avô continuou o trabalho, depois meus pais e agora somos nós, com a incumbência de manter a pecuária pantaneira viva.”

Meio ambiente e mercado internacional

Como representante da quarta geração de produtores rurais no bioma, Ida está à frente da gestão da propriedade, dividida entre quatro irmãos e a mãe. Presidente do Sindicato Rural de Cáceres desde 2019, ela contou à reportagem do Gigante 163 que a opção pela sustentabilidade visa, além do benefício ambiental,  atender às demandas do mercado internacional e nacional, que a cada ano se mostram mais exigentes quanto a este assunto.

“A conservação do meio ambiente e a produtividade estão muito unidas. Sabemos que conseguimos ter uma ótima performance com o tipo de pasto que temos aqui, com o manejo e a gestão adequados. E o produto sustentável é uma demanda do segmento. Há uma exigência para que, até 2035, a produção no último terço da pecuária, que é o confinamento, seja carbono zero”, afirma.

Em busca de soluções que atendessem a essa proposta ela encontrou o projeto Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) e o incorporou à unidade, usando tecnologia, conhecimento e mão de obra da região. Hoje, a produtora é uma dos 15 inscritos no programa, que diagnósticos ambientais, sociais e econômicos para propriedades rurais dos municípios de Poconé, Cáceres, Rondonópolis, Itiquira e Barão de Melgaço.

Tecnologia como aliada

O levantamento de dados é feito por meio de um software denominado FPS, desenvolvido pela Embrapa Pantanal, que possibilita acompanhar a evolução da sustentabilidade de cada propriedade. A ferramenta faz parte do projeto e funciona como uma espécie de raio-x da fazenda, indicando seus pontos fortes, fragilidades, potencial produtivo e alternativas para melhorar os resultados.

A produtora destaca também o histórico de conservação da área, chamando a atenção para o cuidado que os “pantaneiros de verdade” têm com o local onde vivem e de onde tiram sustento.

“O primeiro manejo florestal sustentável da região ocorreu aqui. Então, para nós, a fazenda não é uma propriedade, é a protagonista. Quem mora no Pantanal já é, por natureza, sustentável.”

Na propriedade as vacas são inseminadas e depois levadas para o pasto no Pantanal, onde passam a gestão com conforto e tranquilidade, integradas ao meio-ambiente. Depois que o bezerro nasce é feito o desmame e o furo na orelha para o brinco da rastreabilidade. O processo resulta na entrega anual de cerca de 600 animais para a venda.

De acordo com Ida, embora os produtores ainda não estejam ganhando mais por trabalhar desta forma, o objetivo é tornar a produção pantaneira mais competitiva, especialmente pensando no mercado asiático.

“É uma demanda futura que teremos. Desafios sempre existiram e existirão, mas com informação, consistência, resultado e comportamento ativo sempre conseguiremos ampliar nossos limites.

Fazenda Pantaneira Sustentável

Desde 2019, o Pantanal mato-grossense é berço deste projeto pioneiro conduzido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Sindicatos Rurais, Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal/MS.

Para isso, conta com um time de técnicos das entidades envolvidas que visitam as propriedades rurais periodicamente para fazer o levantamento das informações e orientar os produtores conforme a particularidade de cada fazenda.

O projeto tem a competência de avaliar a sustentabilidade da atividade pecuária no Pantanal. De acordo com o supervisor, a motivação surgiu da necessidade de utilização de metodologia no uso de indicadores de sustentabilidade, que permitam medir as variáveis ambientais, econômicas e sociais e suas interações. Além de demonstrar a dinâmica das características ambientais da região.

Outros bons exemplos

Ida Beatriz Machado de Miranda Sá não é a única a adotar boas práticas em seu negócio. Outros fazendeiros mato-grossenses também se destacam ao priorizar a produção sustentável.  Veja a seguir outros exemplos:

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