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Tecnologia e manejo sustentável aumentam produtividade de bezerros em 20%

Tecnologia e manejo sustentável aumentam produtividade de bezerros em 20%A taxa de prenhez saltou de 61% para 83% na Fazenda Esperança. Foto: Arquivo

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Por André Garcia

Com aumento de 20% no peso dos bezerros desmamados, a Fazenda Esperança, localizada em Santo Antônio do Leverger (34 km de Cuiabá), se tornou referência quando o assunto é tecnologia e manejo sustentável de pasto. Em cinco anos, uma série de adaptações ajudou a diminuir a idade do primeiro parto, que oscilava entre 29 e 34 meses, para 28 meses.

Além disso, a taxa de prenhez saltou de 61% para 83%, fazendo da propriedade um case de sucesso do projeto Fazenda Pantaneira Sustentável, coordenado pela Famato, Senar-MT, Acrimat e Embrapa Pantanal.

O médico-veterinário e técnico do Senar-MT, Victor Hugo Tadano, é quem atende a fazenda mensalmente. À reportagem do Gigante 163 ele contou que, antes do projeto, o manejo era feito da maneira tradicional, com coleta básica de informações  em ficha de papel. Agora, além da gestão de dados informatizada, as novidades incluem manejo de pastos, manejo sanitário (por categorias de idade e peso) e manejo reprodutivo.

A mudança, segundo ele, leva tempo e demanda qualificação, planejamento e investimento.

“Realizamos assistência técnica continuada por cinco anos, com visitas periódicas mensais e ciclos anuais consecutivos. Para que chegássemos a esses resultados houve uma parceria coesa entre técnico de campo, produtor, gerentes e colaboradores.”

Neste contexto, a informatização dos dados é a palavra-chave, já que possibilita melhores análises produtivas, econômicas e financeiras da porteira para dentro. Já da porteira para fora, é ela que viabiliza as análises de mercado e a tomada de decisões estratégicas.

Melhora no desempenho

Nos cerca de 10 mil hectares da Fazenda Esperança são produzidos cerca de 4 mil bezerros por ano, o desempenho é bem melhor que as médias registradas no Pantanal. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em 2019, a taxa média de prenhez era de 43%, com a idade do primeiro parto em 32 meses.

No início do projeto, o desmame das fêmeas marcava 165 kg e atualmente, a marca chega a 195 kg. Houve ainda queda expressiva da taxa de mortalidade (de 5,02% para 1,88%), o que ocasionou melhora na recolha de ossos.

Para isso, há que se destacar ainda investimentos na melhoria da estrutura dos cochos.

“A disponibilidade e fornecimento de minerais e suplementos proteicos está mais bem atendida. Foram adicionadas e reformadas aproximadamente 25 remangas com casas de sal cobertas, além de cochos de borrachão para fornecimento adequado de proteínas, atendendo às necessidades de cada categoria nutricional.”

Diante disso, o treinamento dos colaboradores por meio de qualificação oferecida pelo projeto foi fundamental.

“Com o time mais instruído, a conferência dos índices nutricionais e reprodutivos do rebanho tornou-se mais precisa. A análise e a qualidade de informação melhoram a tomada de decisões, como a programação e reprogramação de manejos.”

Fazenda Pantaneira Sustentável

Desde 2019, o Pantanal mato-grossense é berço deste projeto pioneiro conduzido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Sindicatos Rurais, Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal/MS.

Para isso, conta com um time de técnicos das entidades envolvidas que visitam as propriedades rurais periodicamente para fazer o levantamento das informações e orientar os produtores conforme a particularidade de cada fazenda.

“Toda mudança gera um desconforto. No início, em 2019, foi um pouco complicado implantar as primeiras coletas de dados e fazer a conscientização dos colaboradores.  Com o passar dos meses e anos, com a troca de experiência e confiança na parceria, elevamos o nível de coleta e isso foi se tornando mais orgânico, menos dispendioso para a equipe”, afirma Victor.

O projeto tem a competência de avaliar a sustentabilidade da atividade pecuária no Pantanal. De acordo com o supervisor, a motivação surgiu da necessidade de utilização de metodologia no uso de indicadores de sustentabilidade, que permitam medir as variáveis ambientais, econômicas e sociais e suas interações. Além de demonstrar a dinâmica das características ambientais da região.

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