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Crianças são as principais vítimas do calor extremo

Crianças são as principais vítimas do calor extremoPoluição do ar está vinculada ao aumento nos casos de doenças respiratórias. Foto: Intramed

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Por André Garcia

Como já noticiado pelo Gigante 163, o El Niño prolonga o período de estiagem e intensifica o calor, ampliando o risco de queimadas  e sendo determinante para o aquecimento global. A combinação, impacta o agronegócio, coloca em risco a segurança alimentar e também é uma ameaça ao futuro, já que potencializa os problemas de saúde entre as crianças.

“As queimadas aumentam as partículas em suspensão aumentando a densidade do ar, o que provoca o ressecamento das vias aéreas, essencialmente da mucosa nasal, ocular e da orofaringe, levando a quadros de rinite, faringite, sangramento ou ardência nasal e ocular”, explicou à reportagem o otorrinolaringologista Bruno Higa Nakao.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar está vinculada ao aumento nos casos de câncer de pulmão, infartos, problemas cardíacos e pulmonares. O aumento nos casos de doenças tropicais também deve ser observado com as mudanças nas temperaturas, questão que é reforçada pela médica Daniela Campos, que atua em Goiânia (GO).

“Nesse período as internações por problemas respiratórios, principalmente pneumonia, sobem entre 15 e 20%. As crianças fazem parte do grupo mais vulnerável, porque seu sistema imunológico ainda está em desenvolvimento, ou seja, ainda não entraram em contato com vírus e bactérias para produzir seus anticorpos”, disse à reportagem.

Nakao, que atende em Campo Grande (MS), explicou que durante o período de estiagem prolongada os sintomas mais comuns são distúrbios respiratórios, desidratação, ressecamento de mucosas das vias aéreas, da pele e dos olhos.

“O risco em crianças abaixo dos 2 anos ocorre para episódios de bronquiolite. O ressecamento favorece a inflamação das vias aéreas facilitando a entrada de vírus que promovem, por exemplo, crises de tosse, falta de ar e secreção nasal e brônquica”, afirmou.

De acordo com ele, crianças maiores podem apresentar episódios de tosse e dor de garganta com risco de crises de asma, rinite alérgica e faringites e sangramento nasal.

“A hidratação e lavagem nasal são fundamentais para evitar a desidratação e promover a proteção da mucosa nasal. Além disso, é importante utilizar umidificadores, panos úmidos ou baldes com água nos quartos pode ajudar.”

Vale destacar que, em todo o Centro-Oeste, a umidade do ar nesta época pode chegar a 10%. Além disso, considerando que julho foi o mês mais quente da história até agora e que a previsão é de que os extremos climáticos se intensifiquem, Daniela faz um alerta.

“Estamos falando de uma região onde a umidade pode ficar mais baixa que a do deserto. Então, além destes cuidados, o que a gente pode fazer é não colocar fogo [nas matas]. Sem essa vegetação, perdemos uma importante proteção, porque não há renovação da umidade e ficamos muito mais expostos a estas doenças”, pontua.

Vacinas são aliadas

Daniela também aponta a vacinação como estratégia para mitigar os danos registrados neste período. Desde maio, a imunização contra a gripe foi ampliada para qualquer pessoa acima de seis meses. Além disso, seguem disponíveis nos postos de saúde de todo o país os imunizantes contra a Covid-19.

“No caso da vacina contra a pneumonia, infelizmente ainda não há liberação para todas as faixas etárias. Mas ela é recomendada para idosos e pessoas com asma grave, doenças crônicas pulmonares, com infecções respiratórias de repetição, imunocomprometidas e com doenças hematológicas graves”, conta.

A orientação para pacientes com sintomas gripais e de doenças respiratórias é procurar a primeira instância de saúde, ou seja, a unidade básica de saúde da região. As UBSs atendem casos de resfriado comum, febre e coriza. Situações mais graves são encaminhadas para as atenções secundária ou terciária para especialistas como otorrinos, pneumologistas e infectologistas.

Mas o que é o El Niño?

Em resumo, é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que leva a anomalias climáticas em toda a região tropical do planeta. Isso tem uma influência maior na Amazônia, uma vez que inverte a circulação do ar sobre a região e inibe a formação de chuvas, refletindo nos índices pluviométricos de todo o País.

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